A cara do carnaval!

Patricia Toni Firmino

“Joãozinho é o cara! É contracultura, resistência, alegria do brasileiro, símbolo de inventividade”. Foi assim que o ator Matheus Nachtergaele respondeu por que aceitou ser o protagonista da cinebiografia Trinta, longa do diretor Paulo Machline, lançado em 2010, que retrata a vida e obra do carnavalesco mais popular do país. Matheus sintetizou tudo o que representa este artista plástico que é a cara do carnaval. Aliás, pensar na folia sagrada de fevereiro e não se lembrar de João Clemente Jorge Trinta é praticamente esquecer a história desta festa.

Nascido no Maranhão em 1933, Joãozinho Trinta, desde menino, já fabricava seus próprios brinquedos. Chamava atenção pela genialidade com que usava cores, formas e materiais. Vinte anos mais tarde, veio ao Rio de Janeiro estudar artes plásticas, teatro e dança. Ingressou no carnaval em 1961, na escola de samba Acadêmicos do Salgueiro. “Chegou, chegando!”, como se diz. Ganhou títulos e revolucionou a arte de fazer arte na Sapucaí.

A criatividade com que criava enredos para as diversas escolas de samba o fez um colecionador de títulos. Em todos os carnavais que participou surpreendia, saia do óbvio, ousava.

Em 2010, Joãozinho Trinta anunciou sua despedida. Era a última vez que veríamos o gênio em ação. Os motivos poderiam ser a chegada de carnavalescos mais novos, com técnicas mais modernas, o derrame, de 2004, que debilitou suas forças, ou a sua entrada – mal sucedida – na política. Mas a bem da verdade é que os gênios sabem a hora de parar. Joãozinho saiu da Avenida no auge, sem nenhuma crítica, com nota dez em todos os quesitos.

Entrevista lendária de Joãozinho Trinta para o programa "Fantástico", nos anos 80. "Pobre gosta de luxo. Quem gosta de miséria é rico"
http://www.youtube.com/watch?v=CDpR_XvslBI