Francine Marcondes
Os Titãs cantaram uma vez: “A televisão me deixou burro”. O grupo Tribalistas falou que não era “audiência para a solidão”. Na verdade, exageram, mas não estão completamente errados. A programação de entretenimento passivo da TV ganhou fama, com razão, de manipuladora e alienadora. É só sentar em frente ao tubo (hoje, de LCD’s ou de plasma), aguardar confortavelmente a avalanche de informações e em segundo ser dominado por ela. Até (e principalmente) o telejornalismo, que promete ter compromisso com a verdade, acaba por controlar o conhecimento.
No entanto, ainda existem salvações. Desde 2007, o Caldeirão do Huck, programa da Rede Globo de Televisão, comandado por Luciano Huck, apresenta o quadro Soletrando ou Campeonato Nacional de Soletração. O concurso seleciona um estudante para representar cada estado brasileiro Brasil para soletrarem as mais diversas palavras da língua portuguesa. O vencedor leva para casa R$ 100 mil. Os participantes são julgados por jurados de renome. Já passaram pela bancada o professor Sérgio Nogueira, o rapper Gabriel, o Pensador e a escritora Thalita Rebouças.
O quadro foi idealizado por uma emissora americana e inspirou a produção do programa global. A feliz “cópia” rendeu para Luciano Huck uma homenagem na Academia Brasileira de Letras e boa figura aos olhos das instituições de ensino. Para quem assiste (e torce!), o Soletrando é um sopro de esperança. A juventude desacreditada, que parecia não ter mais o gosto de aprender, hoje se prepara, estuda, compete e, de quebra, se diverte.
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